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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Modelo de regulagem

Olá, pessoal!

Para ajudar na hora de regular ou até mesmo fazer o shape dos bumerangues, surgiram alguns modelos que organizam de forma lógica o funcionamento do bumerangue. Nenhum deles é perfeito, cada um tem suas limitações. Al Gerhards usava o bowl tuning (regulagem "na tigela"), Eric Darnnel usava cada asa de um TriFly pra fazer um tipo de alteração, enquanto outras pessoas fazem regulagens de formas um tanto quanto aleatórias. O método que vou descrever aqui é o apresentado por John Cross no Performance Boomerangs (onde você também encontra mais informações sobre os outros métodos citados). Ele não é perfeito, mas pode ser aplicado para a maioria dos modelos de duas e três asas, sejam eles para diversão ou  para competição. Mas mesmo em bumerangues que não se encaixem nesse perfil você pode adaptar as ideias apresentadas aqui, basta ter motivação para tentar. O objetivo de trazer este modelo não é esgotar o assunto, mas fornecer um bom ponto de partida no qual todos possam trabalhar. 

O método de Cross se baseia em uma premissa básica: deve haver um equilíbrio entre as forças que atuam no bumerangue. É possível perceber falhas nesse equilíbrio observando o voo do bumerangue e, quanto mais você praticar, mais fácil será notá-las. A partir daí você pode escolher a melhor entre várias estratégias para corrigir o desequilíbrio, que podem ir de simples regulagens a alterações no shape do bumerangue (às vezes a melhor estratégia é combinar diversas regulagens e/ou alterações). Cada estratégia trará efeitos secundários que podem ser desejáveis ou indesejáveis. Não é possível prever a extensão esses efeitos (por exemplo: é possível saber que determinada alteração aumentará o arrasto, mas não dá para prever exatamente o quanto), então o que fazemos é dar um empurrão na direção certa e, através de testes, tentativas e erros, determinar se o resultado foi satisfatório ou o que mais podemos fazer pra alcançá-lo. Logo, aprender com os próprios erros faz parte do processo.

Há basicamente quatro características do bumerangue que podem ser alteradas: diedro, sustentação, arrasto e distribuição de peso. É impossível mudar apenas uma sem causar algum efeito secundário nas outras, como eu disse acima. Mas primariamente os papéis de cada uma são os seguintes:

  • Diedro: determina quão rápido o bumerangue vai deitar e a altura do voo;
  • Sustentação: determina o alcance do bumerangue (maior sustentação significa menos alcance);
  • Arrasto: determina a velocidade do voo e giro do bumerangue (quanto mais arrasto, menor a velocidade);
  • Distribuição de peso: determina o CG do bumerangue e a eficiência de cada asa.


É por causa das interações entre essas características que surgem os efeitos secundários mencionados acima. Cross chega a afirmar que "podemos, pelo menos em parte, pensar nelas como variações da mesma coisa". É por isso que pode acontecer de você fazer uma alteração esperando certo efeito e descobrir que o resultado foi algo completamente diferente. E para conseguir o efeito desejado, você terá que mudar algo que não imaginava originalmente (por isso é importante ter paciência para testar as várias possibilidades). Agora vamos ao método em si.

Imagine que você pode desenhar o percurso do bumerangue sobre ele. Considere que mudar uma região do bumerangue vai mudar a região correspondente de seu voo. Assim, num modelo de duas asas, a asa 1 vai corresponder à ida, a asa 2 vai corresponder à volta e o cotovelo ao ponto em que o bumerangue está mais longe de você (Figura 1). Já nos modelos de três asas, escolha uma asa para ser o cotovelo e não mexa nela. A asa à direita será a asa 1 e a asa à esquerda será a asa 2, devendo ser tratadas como em um modelo de duas asas (Figura 2). Marque pelo menos uma das asas com caneta ou fita adesiva para você poder saber qual é qual.

[1] Modelo aplicado a um bumerangue de duas asas

[2] Modelo aplicado a um bumerangue de três asas


Agora você só precisa prestar atenção em qual fase do voo está o problema que você quer corrigir. E isso nem sempre é uma tarefa fácil, mas é uma habilidade que você desenvolve com o tempo e bastante treino (paciência, jovem gafanhoto!). Se o problema está na ida, comece tentando modificar a asa 1. Alguns exemplos do que acontece na ida são o início do retorno, ganho de altitude e alcance do voo. Se o problema está na volta, mexendo na asa 2 você pode alterar o ganho de altitude durante o retorno, a precisão e mudar a forma como ele paira no ar.

O ideal é que os ajustes sejam feitos em campo, assim você pode testá-los logo em seguida e ter uma ideia da magnitude dos efeitos. Vá aos poucos, fazendo uma mudança por vez, assim você saberá o que reverter se o resultado não for o esperado. E por falar em reverter, teste primeiro mudanças que podem ser revertidas (flaps, elásticos, diedro, ângulo de ataque), assim você evita o risco de perder um bom bumerangue mudando seu shape, o que sempre trás consequências permanentes. Lembre-se também que você pode usar diversas estratégias diferentes para obter os mesmos resultados, então não tenha medo nem preguiça de tentá-las até encontrar aquela que melhor se adapta ao seu estilo de arremesso e/ou ao modelo em que você está trabalhando.

Este modelo de regulagem é a base teórica para a tabela de correções de erros que você encontra aqui.


Até a próxima!
Ítalo Carvalho.


Créditos das imagens:
Imagens adaptadas do livro Performance Boomerangs, de John Cross, versão digital por David B Bjørklund.

9 comentários:

  1. gostei muito deste blog
    foi ele que me fez comprar bumerangue
    estou praticando e agora estou tentando fazer meus bumerangues
    suas dicas são muito boas
    sem elas ficaria pedido e desistiria

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    1. Obrigado. É sempre bom quando saber que o blog tem sido útil. Entre nas listas de discussão e nos grupos do Facebook, você pode achar alguém que também arremesse na sua cidade, é sempre melhor arremessar com companhia.

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    2. estou praticando no parque do povo
      somente agora fique sabendo que todo ultimo sabado do mês tem a clinica do bumerangue vou ver se participo com eles
      vou mostrar o meu bumerangue que fiz

      tem três asas e na parte de baixo fiz varíos pequenos furos redondos mas que farão o bumerangue ir mais longe, voou bem

      E o mesmo principio da bola de golfe os furos nela são para ir mais longe ele cria micro turbulência

      gostaria de te mostrar tem como ?

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    3. Cara, já tem um tempo que não tão acontecendo as clínicas, aquela postagem é antiga. Mas sei que tem um pessoal que se reúne todo sábado no parque Villa-Lobos, a partir das 9h, você pode ir lá se quiser companhia pra arremessar.

      Agora os furos não servem bem pra aumentar a distância do voo (a depender do caso, esse pode ser um efeito secundário mínimo), eles geram arrasto e deixam o bumer mais resistente ao vento. Geralmente usamos pesos ou torções pra mexer na distância (veja na seção de regulagens).

      Se você tiver Facebook, entra no grupo "Bumeranguistas" (tem o link ali em cima, na barra da direita) e posta lá a foto, o pessoal sempre mostra o que anda fazendo (inclusive eu).

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  2. Respostas
    1. É quando você empena a asa pra cima ou para baixo. Mais fácil de ser aplicado em plástico, por ele já ser flexível. Em madeira, a gente aquece um pouco a asa em vapor de água numa chaleira pra amolecer um pouco.

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  3. positivo é para cima e negativo para baixo ?

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