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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Modificando aerofólios

Olá, pessoal!

Continuando a falar sobre aerofólios (Veja o primeiro post sobre eles. Decidi dividir em duas partes pra não ficar muito comprido), agora vamos ver quais são as modificações mais comuns e seus efeitos.

A primeira delas é a mais facilmente encontrada: os furos. Eles servem para gerar arrasto, reduzindo o giro ou até mesmo a velocidade do bumerangue, a depender do lugar onde forem feitos. Eles são modificações permanentes, mas podem ter seus efeitos reduzidos ou até mesmo neutralizados se forem coberto com fita adesiva. Você pode fechá-los completamente ou parcialmente, além de poder fechar apenas um dos lados, explorando vários efeitos possíveis (que poderão variar de modelo a modelo, então não tenha preguiça de testar). Para o arrasto gerado ser menor, você pode variar o formato do furo: em vez de fazê-lo simplesmente reto, você pode dar a ele um formato cônico, arredondar suas bordas ou até mesmo fazê-lo inclinado. Uma dica: quando for fazer furos em madeira, coloque um retalho por baixo e fure tanto o bumerangue quanto o retalho. Isso evita que as bordas do furo soltem lascas.

[1] Vários tipos de furos.


Se forem feitos nas pontas das asas os furos irão reduzir o giro do bumerangue, facilitando a pegada e aumentando também a resistência ao vento. Já no centro eles irão diminuir a velocidade do voo. Quanto maior for o furo central, menor será a velocidade com que o bumerangue se deita (fazendo o voo ficar mais baixo) e maior será a velocidade com que ele cairá, se for do tipo que paira (ou "desce pela chaminé"). Você pode testar fazer um único furo central grande ou vários pequenos e experimentar os diferentes efeitos.

[2] Os furos centrais pode ser um só ou vários.


Uma variação dos furos são as fendas. Muitas não passam de furos alongados em formato de gota ou bastão, ou até mesmo de cortes finos ligando dois furos. Geram mais arrasto que os furos normais, sendo mais vistos em modelos para ventos fortes. Podem ser feitos tanto no mesmo sentido da asa, quanto atravessados e é comum que eles tenham as bordas arredondadas.

[3] Vários tipos de fendas e o perfil com as bordas
arredondadas.


A última modificação que aumenta o arrasto são os pentes, sendo a modificação com um efeito mais drástico. Eles são nada mais do que pequenos cortes paralelos entre si na borda de fuga (podem aumentar a altura e distância do voo) ou de ataque (ajudam a estabilizar o bumerangue em caso de ventos mais fortes). Geralmente são mais utilizados por pessoas que colocam força de mais no arremesso.

[4] Pentes na fuga e no ataque.


Como as modificações descritas acima são irreversíveis, é preciso pensar muito bem antes de fazê-las no seu bumerangue. O ideal é que você primeiro experimente colocar elásticos e flaps (que terão efeitos semelhantes, mas que são facilmente reversíveis) para decidir se e onde as alterações serão feitas.

Também é possível texturizar a superfície de cima ou de baixo da asa, gerando pequenos efeitos. Se a textura for feita embaixo da asa, a velocidade do ar que passa ali vai ser reduzida, aumentando a sustentação. Se for feita em cima, obviamente, a sustentação irá ser diminuída. Essa texturização pode ser feita usando uma lixa bem grossa ou até mesmo fazendo ranhuras rasas  e "covinhas" como as de uma bola de golfe. Esse último caso é mais difícil de ser encontrado pois dá muito trabalho para fazer e resultados semelhantes podem ser obtidos por meios mais fáceis (e não pode ser feito em madeira, pois ela solta lascas, sendo mais fácil de realizar em outro materiais, de preferência os plásticos).

[5] Ranhuras (esquerda) e covinhas (esquerda)
Abaixo, o perfil de uma asa com covinhas.


Outro tipo de modificação são os concaves. O fundo do bumerangue é cavado, geralmente próximo à ponta da asa, reduzindo o peso e aumentando a sustentação. Também aumenta bastante o arrasto. Ironicamente, é bastante utilizado em modelos para Fast Catch (lembrando que o fundo do TriFly possui um concave e é muito comum ele ser recortado para fazer bumerangues para esta prova). Os concaves deixam o bumerangue bem mais sensível a variações no ângulo de ataque. Pode ser feito de vários formatos.

[6] Vários tipos de concave em perfil.


[7] Vários tipos de concave em vista frontal.


Menos comuns são os concaves na parte de cima da asa. Aparentemente isso aumenta a sustentação e melhora o desempenho em ventos mais fortes. Também pode ter diferentes formatos.

[8] Concave na parte de cima da asa
em perfil e vista frontal.


A última modificação é uma inovação brasileira, criada pelo André Caixeta (também conhecido com Edim, que gentilmente me esclareceu como ela funciona pra que eu pudesse incluir nessa postagem), usada com sucesso no modelo Hades (uma modificação deste modelo, o Hades 2, foi usada pelo André pra vencer a prova de Fast Catch no mundial de 2012). Ela consiste em um sulco na borda de ataque do bumerangue que gera arrasto e reduz o giro apenas na parte final do voo. Isso permite pegadas mais seguras em modelos de voo muito violento sem reduzir a velocidade deles, dando vantagem na prova.

O sulco age mais ou menos da seguinte forma: quando a asa do bumerangue corta o ar, logo em frente à borda de ataque surge um "colchão de ar" em que a pressão é maior e o ar não gera turbulência (logo, gera pouco arrasto). Porém, com o sulco, assim que o bumerangue começa a perder um pouco de velocidade (já perto do fim do voo), esse "colchão" se desfaz, permitindo que o ar entre no sulco e gerando turbulências, reduzindo o giro e facilitando a pegada.

[9] Sulco na borda de ataque.


O problema maior do sulco é como fazer com precisão. Provavelmente a melhor forma seria usar um disco de corte e uma micro-retífica. Se alguém criar outra forma que não precise de ferramentas elétricas, por favor compartilhe nos comentários.


Até a próxima!
Ítalo Carvalho.


Créditos das imagens:

[1] a [8]: Performance Boomerangs, por John Cross, versão digital por David B Bjørklund.
[9]: Ítalo Carvalho.

14 comentários:

  1. Mais uma vez parabens Italo vou testar algumas modificações, seu Blog é o melhor se não for o maior sobre o assunto bumerangues, valeu pela dedicação...

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  2. Esse tipo de modiificacao se nao for bem feita , tambem deve condenar a aerodinamica do bume , condendando o mesmo , seria isto ou nao!?

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    1. Basicamente, qualquer tipo de modificação pode condenar tanto a aerodinâmica, quanto a própria estrutura do bumerangue (concaves muito fundos podem fragilizar a asa, por exemplo). É questão de cada pessoa entender o princípio básico e ir testando na prática, sempre com cautela. Mas acho que a essa altura do campeonato eu não preciso mais ficar alertando todo mundo disso, né?

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    2. Olá, Sim, se passar do ponto, ela compromete a aerodinâmica sim, eu já perdi vários em experimentos, na verdade esses bumerangues eu procuro pesquisar sobre o arremesso do jogador antes de vender, o mesmo bumerangue com o sulco não serve para duas pessoas. Se a bolha de ar quebrar antes da hora o bumerangue vai pro chão!!

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  3. Já perdi vários bumerangues fazendo isso. Ítalo, corrigindo, o bumerangue perde um pouco de velocidade sim, ele perde em torno de 0.05 sec por volta, no final de um round de fast catch geralmente se perde 0.3 sec, eu já fiz o experimento. o Hades 02 fazia 17.5 sec, com o sulco no ataque passou para 17.8 sec.

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    1. Hum, valeu pelo toque. Mas ainda assim ele perde menos velocidade do que usando outras táticas, como furos ou elásticos, certo?

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    2. Desculpa a demora pra responder só hoje entrei no blog de novo! Sim ele perde menos tempo que usando elásticos ou furos! Mas este sulco no ataque não serve para o bumerangue aceitar mais vento, e sim pra ele ficar mais fácil de pegar!

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  4. Esse ¨sulco¨ poderia ser feito com uma makita!? tipo sem profundidade , o dificil deve ser manter reto na asa do bumerangue, ou pior tentar cortar e terminar e cortado a asa no meio , pois essas serras fazem marmore parecer papel molhado , imagina um bume...Melhor e comprar de quem ja sabe fazer ( Edim )

    Sp/sp.

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    1. Rapaz, o problema maior não seria nem cortar a asa no meio, mas cortar sua mão fora! A retífica ainda é a melhor opção. Você sempre tem a opção de já comprar pronto, mas tem gente que prefere a filosofia do "faça você mesmo" que já é tão presente no meio do bumerangue.

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    2. Fazemos com a micro-retifica, mas precisa de bastante precisão na mão para fazer. Se não fica comprido demais, fundo demais, ou com as bordas quebradiças.

      http://olimpobumerangue.webnode.com/products/produto-1/

      Abraço

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  5. oi desculpa mudar o assunto mas fui comprar chapa de pvc e tinha o rigido eo espamdido
    no site fala só pvc e pvc espandido
    esse pvc rigido e igual pvc que você fala
    não comprei por duvida

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    1. Sim, pvc e pvc rígido são a mesma coisa.
      E no futuro faça as perguntas em posts com assuntos semelhantes, assim se alguém tiver as mesmas dúvidas poderá ser beneficiado também ;-)

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    2. obrigado pela informação e da prosima vez farei isso

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  6. o melhor formas de fazer sulcos é com uma tupia manual ou mutifucional dremel

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